sábado, 4 de setembro de 2010

O fim

Eu já estava cansada de muitas coisas, das noites em claro, da angústia sem fim, a tristeza tomava níveis que eu nunca havia imaginado, era profunda, insuportável, o choro era constante, eu estava aprisionada dentro de minha própria mente, os pensamentos eram só negativos,travava uma batalha virtual todos os dias. As pessoas nem desconfiavam.

Naquela noite eu estava sozinha em casa, a luz fraca tremulava no abajur velho em cima do criado-mudo, meu rosto estava todo banhado em lágrimas, meus olhos vermelhos inchados...eu rasgava com raiva meus medicamentos, os comprimidos caíam no chão todos de uma vez..Corri para a cozinha, peguei uma faca, precisava me sentir viva. Fiz um pequeno corte no pulso, queria ver o sangue escorrer pelo braço, queria sentir dor, mas nunca era maior do que a dor do peito...Já estava tudo planejado naquela noite. Seria no banheiro, na sala, ou no quarto mesmo? Olhei a corda já amarrada com força em uma pedaço de madeira que eu mesma preguei em cima da cama. Não queria correr o risco de arrebentar. Foi tudo certificado, pensado. Coloquei a carta de despedida escrita a próprio punho embaixo da corda. Eu apenas pedia perdão.

Chegou o momento negro, subi na cadeira, cabeça dentro do nó, respirei fundo, o olhos vagos, um turbilhão de lembranças ruins de minha própria vida invadiram aquele último minuto. Pulei. Ainda consegui ouvir o barulho do meu pescoço quebrando, tão frágil, minha visão foi escurecendo como o final de um filme. Desfaleci.

Foi apenas um sonho, nos poucos momentos de sono que tenho, preciso manter a fé, preciso acreditar que vou voltar a sentir paz. Vivo um dia de cada vez, com muita dificuldade, não é fácil todas as noites você ser a única pessoa acordada.

"ficção viu?"