sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Pressentimentos...

Éramos caseiros em uma fazenda no Maranhão, eu, meu marido e nossos quatro filhos...
Em um dia como qualquer outro, meu marido estava descansando na nossa casa com o meu filho menor de seis anos, e os outros estavam brincando em algum lugar. Eu estava lavando roupa no final de um igarapé que desemboca em um rio cheio de pedras que costumávamos banhar todo fim de tarde. Naquele dia tive um mal presságio, algo ruim estava perto de acontecer. Quando estava quase terminando meu serviço, vi meu marido correndo em minha direção, e naquela hora senti um frio percorrer meu corpo inteiro, e tive certeza. Nosso filho havia se afogado no caminho do rio, ele estava me procurando. Meu marido disse que não tinha visto ele saindo de casa. Foi a pior sensação da minha vida, meus dias já não eram mais os mesmos, o brilho da vida havia se dissipado, a casa era só vazio. No outro dia, depois do pequeno funeral, só com amigos que moravam nas fazendas próximas, fui para casa, entrei no quarto do meu filho, peguei todas as roupas dele e as coloquei na cama, me deitei por cima delas, e desabei a chorar, profundamente. Uma parte de mim havia ido embora para sempre. Eu e meu marido não nos sentíamos bem naquele ambiente mais. Decidimos então nos mudar para uma pequena cidade no Amapá que ouvímos falar, e que havia emprego para nós nas fazendas de lá...Pegamos nossas economias, pedimos as contas e partimos desolados, dispostos a recomeçar a vida. Depois de quase uma semana chegamos no Oiapoque.
Esse semestre fez 10 anos que estamos aqui, a vida foi generosa comigo e me deu mais quatro filhos, e meu marido é pedreiro e eu sou merendeira em uma escola. Hoje eu consigo sorrir de novo...